DÉCIO,
João. Algumas notas em torno d’o crime
do padre Amaro e d’o primo Basílio, de Eça de Queirós. Texto fornecido pelo
professor.
RESUMO:
Os dois romances analisados por João Décio são de Eça
de Queirós e do período realista, o primeiro publicado em 1875, O crime do padre Amaro, romance que deu
início a melhor fase do autor e o outro é o segundo romance do autor O primo Basílio, lançado em 1877. O crime do padre Amaro fala sobre a vida
eclesiástica de Amaro, que cursou o seminário e se fez padre embora não tivesse
vocação alguma. Amaro era de descendência humilde e isso o levou de certo modo
a ver o seminário como ascensão social do padre, após a morte dos pais ele foi
criado pela marquesa que o estimava muito e na casa da marquesa Amaro vive
rodeado de criadas e isso faz com que desenvolva mais cedo sua sensualidade herdada de sua mãe, ele vive num ambiente de
beatice e acaba por desenvolver o interesse de se tornar padre, não pro
vocação, mas por desejo de ter vida fácil e constante contato com as mulheres.
A marquesa tem a intenção de encaminhar o menino para o seminário e explica o
seus motivos banais, pelo fato dele ser magro e amarelo, ser afeiçoado as
mulheres, nesse pensamento errôneo percebe-se o tamanho da ignorância da marquesa que via
apenas a parte negativa do pároco. Ao analisar a educação de Amaro percebe-se
um dos motivos individuais que o levaram a ter um caso amoroso após se tornar
padre com Amélia, jovem beata e ignorante que cria ser o seu amor abençoado
pelo fato de ver no padre o símbolo de Deus na terra, ela não tem a capacidade
para refletir e compreender por si só a essência da religião. Além dos motivos
individuais de Amaro e Amélia existem os motivos extra-individuais no sentido
ambiental que se faziam pesar, Amaro vivia na casa de Amélia e o cônego Dias
era amante da senhora Joaneira, mãe de Amélia. O clero mandava na sociedade de
Leiria e acobertava o que seus representantes faziam de errado. Eça de Queirós
estuda com atenção um caso desastroso de falta de vocação religiosa, entretanto
não generaliza a corrupção para todo clero português. Já n’O primo Basílio, Eça
volta-se para análise do problema moral do adultério e tem como personagem
principal Luísa, jovem delicada e inocente que foi influenciada a trair seu
marido, pela leitura de romances
românticos, pela educação defeituosa, por Leopoldina sua amiga imoral e que
possuía inúmeros amantes. A obra apresenta alguns tipos sociais interessantes:
o conselheiro Acácio, homem formalista cheio de frases feitas e de belas
palavras; Juliana, personagem secundaria extremamente importante para o
desenvolvimento da obra, constituí-se na empregada que odeia a patroa, pois
inveja a vida que esta leva diferente da sua sofrida e humilhada consegue
roubar cartas dos amantes para chantagear Luísa mais acaba por morrer por isso.Sebastião
amigo de Jorge e de Luísa tenta salvar-lhe a honra recuperando as cartas
roubadas por Juliana; Jorge faz o papel de marido traído e que perdoa a esposa
em seu leito de morte; e por ultimo Basílio, primo, antigo namorado e atual
amante de Luísa,mulherengo e insensível,
que ao saber da morte de Luísa se lamenta por não ter trazido da viagem uma
mulher para se divertir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário