por: Devonele Reis, Kelly Mello, Leandro Campagnaro, Lenira Kauz, Marina Marques e Monica Giselli de Freitas.
Segundo o código de ética do jornalismo brasileiro a imprensa deve mostrar os diversos ângulos da notícia mesclando os prós e os contras, ou seja, se manter neutra, no entanto, o que se percebe é justamente o contrário, as notícias estão cada vez mais carregadas de ideologia que segundo Brandão 2004, p. 22 “Organiza-se como sistema lógico e coerente de representações [...] que indicam e prescrevem aos membros da sociedade o que devem pensar e como devem pensar [...]”. Muitas vezes chegam ao ponto de indução da opinião pública, por vezes absorvem ou condenam o réu, antes mesmo do poder judiciário se pronunciar.
Um exemplo é o caso de Eloá, segue abaixo um trecho da reportagem:
Segundo o código de ética do jornalismo brasileiro a imprensa deve mostrar os diversos ângulos da notícia mesclando os prós e os contras, ou seja, se manter neutra, no entanto, o que se percebe é justamente o contrário, as notícias estão cada vez mais carregadas de ideologia que segundo Brandão 2004, p. 22 “Organiza-se como sistema lógico e coerente de representações [...] que indicam e prescrevem aos membros da sociedade o que devem pensar e como devem pensar [...]”. Muitas vezes chegam ao ponto de indução da opinião pública, por vezes absorvem ou condenam o réu, antes mesmo do poder judiciário se pronunciar.
Um exemplo é o caso de Eloá, segue abaixo um trecho da reportagem:
Lindemberg Fernandes Alves, então com 22 anos, invadiu o apartamento de sua ex-namorada Eloá Cristina Pimentel, 15, no segundo andar de um conjunto habitacional na periferia de Santo André, na Grande São Paulo, no dia 13 de outubro de 2008. Armado, ele fez reféns a ex-namorada e outros três amigos dela, que estavam reunidos para fazer um trabalho da escola. Em mais de cem horas de tensão, Lindemberg chegou a libertar todos os amigos, mas Nayara Rodrigues acabou voltando ao cativeiro, no ponto mais polêmico da tragédia --a polícia, que trabalhava nas negociações, foi bastante criticada por ter permitido o retorno. [...] Mais tarde, policiais militares do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) invadiram o apartamento, afirmando que ouviram um estampido do local. Em seguida, foram ouvidos tiros. Dois deles atingiram Eloá, um na cabeça e outro na virilha, e outro atingiu o nariz de Nayara. Eloá morreu horas depois. Lindemberg foi preso.[1]
Sendo assim, relatos afirmam que algumas horas se passaram e Lindemberg libera os dois jovens e mais tarde a amiga de Eloá. A jovem Nayara após conversar com os policiais é manipulada por eles e volta ao local onde se encontra a amiga e o sequestrador. Na esperança de convencer Lindemberg os policiais usaram o discurso dominador, mas não obtiveram o esperado levando–os a invasão do cativeiro.
Assim afirma a revista veja:
A invasão do cativeiro pela polícia não foi bem sucedida. Os policiais disseram que entraram no apartamento após um tiro desferido por Lindemberg, que Nayara nega ter existido. A demora do Gate em romper a barricada armada pelo criminoso na entrada do imóvel permitiu que ele tivesse tempo de atirar contra as adolescentes, antes de ser dominado.[2]
O caso Eloá teve grande repercussão, pois, a mídia soube explorar por meio do significante e ideologia assujeitando a sociedade. Conforme afirma Brandão:
Na reprodução das relações de produção, uma das formas pela qual a instância ideológica funciona é a da interpelação ou assujeitamento como sujeito ideológico. “Essa interpelação ideológica consiste em fazer com que cada indivíduo (sem que ele tome consciência disso, mas, ao contrário tenha a impressão de que é senhor de sua própria vontade) seja elevado a ocupar seu lugar em um dos grupos ou classes de uma determinada formação”. (2004, p. 46-47).
Com a tecnologia a mídia tem crescido muito, tendo seus pós e contras que podem alterar a analise de dados colhidos, podem influenciar na aplicação dos princípios e da ampla defesa, há exemplos que podem fundamentar esta afirmativa na folha UOL.
A defesa sustenta a tese de que o tiro que matou a jovem de 15 anos partiu de policiais e pede para ter direito a contestar as provas, bem como um novo interrogatório de testemunhas. A análise do recurso no STJ resultou em empate, o que favoreceu o pedido da defesa.[3]
Ao analisar as notícias nota-se que “A suposta essência de neutralidade do texto jornalístico é apenas aparente”. Souza 2005, p. 06, já que essas julgam-se uma verdade absoluta assujeitando a interpretação do leitor usando alguns elementos da psicologia, exercendo poderosa força de persuasão por meio de frases e expressões de efeito, aproveitando-se de ser voz autorizada, publica comentários fantasiosos sem fundamento aproveitando-se da leitura superficial de seu público que não analisa se a notícia tem credibilidade, acaba explorando excessivamente, superdimensionando, sensacionalisando o fato, por vezes, chega a encobrir reportagens importantes.
A mídia interveio diretamente no caso, com isso, fez com que a população brasileira voltasse toda a atenção para ele dando menos ênfase a outras notícias relevantes como o confronto entre a Polícia Civil e a Polícia Militar que chegou a ter repercussão internacional, mas nacionalmente foi pouco divulgada; o segundo turno das eleições municipais do governador e posterior candidato à presidência José Serra que estava gerando certa tensão; e ainda a greve dos bancários.
Além de assujeitar o público e encobrir notícias importantes a mídia também consegue, por vezes, influenciar no julgamento do réu, durante a etapa inicial do julgamento de Lindemberg, o júri assistia a reportagens sobre o crime que mostrava a opinião pública, de certa forma isso assujeitou os votos dos jurados, e só mais tarde a defesa conseguiu a redução de 60% da pena argumentando que o réu não teve a chance de se defender, já que o crime tinha alcançado ampla repercussão influenciando o júri e a juíza que o condenaram a uma pena de 98 anos de prisão.
Além de assujeitar o público e encobrir notícias importantes a mídia também consegue, por vezes, influenciar no julgamento do réu, durante a etapa inicial do julgamento de Lindemberg, o júri assistia a reportagens sobre o crime que mostrava a opinião pública, de certa forma isso assujeitou os votos dos jurados, e só mais tarde a defesa conseguiu a redução de 60% da pena argumentando que o réu não teve a chance de se defender, já que o crime tinha alcançado ampla repercussão influenciando o júri e a juíza que o condenaram a uma pena de 98 anos de prisão.
REFERÊNCIAS
ACERVO DIGITAL VEJA,
disponível em <http://veja.abril.com.br/291008/p104.shtml> Acesso em: 24 Nov.
de 2013.
BRANDÃO, Helena H.
Nagamine. Introdução à análise do discurso. 2. ed.
Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 2004.
Folha de São Paulo. Nayara é primeira a ser ouvida em audiência
sobre o caso Eloá. Disponível em < http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/887267-nayara-e-primeira-a-ser-ouvida-em-audiencia-sobre-o-caso-eloa.shtml
> Acesso em: 29 nov. de 2013.
JORNALISTAS,
Federação nacional dos. Código de Ética dos
Jornalistas Brasileiros. Disponível
em < http://www.saladeprensa.org/art897.pdf> Acesso
em: 29 nov. de 2013.
MELO, Débora. "A senhora precisa voltar a
estudar", diz advogada de Lindemberg à juíza do caso Eloá. Disponível
em <http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2012/02/14/a-senhora-precisa-voltar-a-estudar-diz-advogada-de-lindemberg-a-juiza-do-caso-eloa.htm> acesso em: 29
nov. 2013.
PINHONI,
Mariana. Julgamento do caso Eloá começa
nesta segunda-feira. Disponível em < http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/julgamento-do-caso-eloa-comeca-nesta-segunda-feira>
Acesso em: 29 nov. de 2013.
SOUZA, Wiviane Francisca de. Atividades de leitura com textos jornalísticos. In.: Boletim informativo GEPEL, Cacoal/RO, Ano II, n° 02, Nov. de 2005.
[1] MELO, Débora. "A
senhora precisa voltar a estudar", diz advogada de Lindemberg à juíza do
caso Eloá. Disponível em < http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2012/02/14/a-senhora-precisa-voltar-a-estudar-diz-advogada-de-lindemberg-a-juiza-do-caso-eloa.htm
/> acesso em: 29 nov. 2013.
[2] PINHONI, Mariana. Julgamento do caso Eloá começa nesta segunda-feira. Disponível em
< http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/julgamento-do-caso-eloa-comeca-nesta-segunda-feira> Acesso em: 29 nov. de 2013.
[3] Folha de São Paulo. Nayara é primeira a ser ouvida em audiência
sobre o caso Eloá. Disponível em < http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/887267-nayara-e-primeira-a-ser-ouvida-em-audiencia-sobre-o-caso-eloa.shtml
> Acesso em: 29 nov. de 2013.
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