giselliletras.blogspot.com

Não solicitamos autorização de terceiros para a publicação de conteúdo neste blog. Caso alguém discorde de alguma publicação, entre em contato pelo e-mail giselliletras@gmail.com e solicite, com justificativa, a exclusão do material.

sábado, 13 de julho de 2013

MADALENA, QUESTÃO DA HUMANIDADE

(conto de Miguel Torga)

por Monica Giselli de Freitas


MADALENA

 

Quanto a estrutura o conto de Miguel Torga, Madalena apresenta o discurso indireto livre; percebe-se no decorrer do conto uma forte presença de uma mescla do fluxo de consciência das personagens com a narrativa um exemplo é quando as lembranças e os pensamentos de nossa protagonista, Madalena, contam a história; outro fator presente na estrutura do conto é o processo de animalização da personagem, a protagonista age como uma cadela, e o pai de seu filho como um cachorro; para finalizar o autor mostra uma visão pessimista da condição humana e das relações sociais;

Quanto ao tema abordado pelo autor temos o aborto e a questão do quanto é preciso ser desumano para fazer parte da humanidade, ou seja, a que extremo um indivíduo consegue chegar para ser bem visto pela sociedade, para agradá-la e, por conseguinte, ser aceito por ela. Aqui percebe-se com clareza a visão pessimista da condição humana e das relações sociais do autor, citada acima.

Essa é a problemática de Madalena, a protagonista, encarar a sociedade e ser marginalizada por ela ou agradá-la para nela permanecer? A personagem opta pela segunda opção ao se deparar com uma gravidez indesejada, sendo ela ainda solteira, decidi esconder a gravidez durante os nove meses usando uma faixa para apertar a barriga e por isso acaba matando o feto e se livra dele ao nascer.

Miguel Torga questiona até onde o ser humano prejudica o outro para não ser prejudicado. Madalena por medo de ser criticada pela sociedade por ser mãe solteira, resolve então se livrar do próprio filho, que para ela não passava de um incomodo.

Na parte em que madalena sente as primeiras dores do parto e sai para a montanha, mostra sua personalidade insensível, imatura e fria a protagonista prefere matar seu filho e correr o risco de morrer com ele do que ouvir seu nome na boca do povo. Mostra também que já tinha planejado tudo e se acaso a criança nascesse viva ela o enterraria do mesmo jeito.

No último parágrafo do conto percebe-se a frieza dessa jovem em seu ato desumano, enterra seu filho sem o menor remorso sentindo até um alivio por sepultar o seu segredo, e por fim volta para a casa para matar sua sede, como se nada tivesse acontecido.

Ao analisar o tema do conto em nosso contexto percebe-se que, embora venha diminuindo essa prática ainda existem muitas Madalenas na realidade, mulheres que se deparam com uma gravidez indesejada que para se pouparem dos boatos ou da recriminação acabam cometendo este ato imaturo que pode trazer sérias consequências.

Enfim, acredita-se que o autor se preocupa em mostrar que para muita gente fazer parte da sociedade é tão importante que acabam por cometer atos imperdoáveis. Ele mostra a contradição de que às vezes devemos ser desumanos para sermos humanos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário